segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Sábado na Folha Seca

CRÔNICA DE UM DIVÓRCIO ANUNCIADO

Foi pra Paquetá.
Como, Paquetá? O samba rolando solto na Folha Seca e Edu, nosso maior cronista – ausente!
E cá estou eu, interina, a tentar rubembraguear de maneira tosca a tarde de ontem.

Zé Luiz do Império levando o samba na maior animação, nosso querubim Pratinha na regência do conjunto, livraria bufando, Rodrigo e Dani idem, Rua do Ouvidor tomada de gente – e não mais que de repente, uma ovação no final da rua, quase esquina da 1º de Março.

A turma do em-pé, reunida na altura do restaurante Antigamente, acolhia ruidosamente um pessoal todo engalanado, fugido de um casamento que demorava a acontecer na Igreja Santa Cruz dos Militares, ali ao lado.

Longos e pochetes, coletes e gravatas prateadas, inusitados para hora e local (ainda era dia, no horário de verão), invadiam o samba e não davam sinal de que voltariam à festa originária. A cada baixa do lado de lá, comemoração de cá.

Até que, como se ainda pudessem acontecer coisas surpreendentes na história da Folha Seca, eis que uma ovação ainda maior ecoou, chegando a interferir no samba – o noivo em pessoa fugira do casamento!

Mais um pouco e nova agitação: era o fotógrafo do casamento, um tipo que parecia um modelo saído de um desfile do Armani, também todo becado; vinha com a missão de resgatar o noivo, mas acabou fotografando o samba e tomou uma saideira antes de reconduzir o pessoal à igreja, para consternação da turma do samba.

Foram muito aplaudidos à saída, mas eu ouvi algumas vaias tímidas e um comentário:

– Acho que esse casamento não vai dar certo; ainda se a noiva tivesse vindo...



Em 25/11/2007, escrito por Maria Helena Ferrari, correspondente, para a Butecopress.

Nenhum comentário: